Segundo as estatísticas do Relatório de Infrações do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, o estado de Santa Catarina, no ano de 2007, somou 972 infrações no Art. 165 do Código de Trânsito Brasileiro:
Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008).
O que implica em:
Penalidade - Multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) e
Medida Administrativa - Retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008).
Tudo isso, se você só dirigiu bêbado. Imagina o que acontece, no caso de acidente?
Os amigos alienados
É quarta feira à tarde. Estou no trabalho, tentando dar aula. É! Tentando. Porque meu celular, mesmo estando no silencioso, não para de vibrar. São meus amigos telefonando para me convidar para o Happy Hour (hora feliz em inglês), mais uma tradição americana, copiada pelos brasileiros, a qual representa a apreciação de aperitivos, regados com muita bebida alcoólica, nos bares e “pubs”, não longe dos escritórios, após o trabalho. Apesar de gostar muito dos meus amigos, não atendo as chamadas. Fujo das ditas “horas felizes.” Elas não me interessam. Não essas. Gosto das verdadeiras horas felizes: Caminhar na praia, assistir a uma peça de teatro, ler um bom livro, escrever para postar aqui, ir ao cinema, assistir às rodas de Capoeira, trilhar caminhos ecológicos no Costão da Guarda do Embaú, sentir a chuva, ouvir e conversar com as idosas do clube - que funciona em paralelo à escola onde leciono Informática -, ouvir uma boa música, viver a vida em família. Afinal, família é o que resta quando tudo acaba.
Happy Hour
A pergunta que não cala
Porque as pessoas, mesmo sabendo que álcool e direção é uma mistura fatal, continuam se drogando? A resposta é sempre a mesma: Ligamos a TV e o que vemos? Alienação. Morenas lindas, garotões malhados, pagodeiros felizes, todos na praia com seus copos de cerveja nas mãos, expressando a falsa ideia de que beber causa alegria. Tudo mentira! A parte da “alegria”, supostamente causada pelo consumo de álcool, se resume na sensação inicial de euforia e desinibição. Mas logo após o terceiro ou quarto copo, essa sensação é substituída pelo efeito depressivo e acaba causando sonolência e diminuição dos reflexos. E é dessa maneira que as pessoas dirigem seus automóveis, com seus reflexos, fatalmente, diminuídos. Quando precisam deles, para uma situação defensiva ao volante, eles reagem tardiamente ou não reagem, resultando em acidentes gravíssimos no trânsito.
Publicidade de cerveja é apologia à droga
As ideias positivas em relação a beber álcool, a se drogar, estampadas nos elementos da publicidade de cerveja são crimes contra a sociedade, apologias à droga. As propagandas de bebidas alcoólicas exibem pessoas bonitas e jovens na TV, para chamar a atenção. Elas não falam do produto. Falam dos sonhos e do estilo de vida relacionado à alegria e às festas regadas a álcool. Associam alegria à droga.
O marketing das bebidas alcoólicas leva os jovens ao início antecipado e pesado de consumo de álcool e às ideias mais positivas em relação a beber. Tudo jogada de marketing. Estratégia de venda. Sacrificam nossos jovens para ganhar mais dinheiro. A propaganda correta não deveria existir ou destacar, apenas a qualidade do produto sem fazer associações ao estilo de vida, à alegria.
Quarenta por cento dos jovens atendidos pelo Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas de São Paulo (Cratod), iniciaram o uso de drogas ainda na infância, entre os 7 e os 11 anos idade. Desses, 38% começaram pelo álcool. Quanto mais cedo se começa a beber, maiores as chances de desenvolver a dependência química, mais, antecipadamente, as cervejarias enriquecem e nossos jovens, se tornam cada vez mais alienados, entorpecidos pela falsa ideia de alegria. Soldadinhos bêbados caminhando para a morte, para que as empresas cervejeiras possam prosperar. É o preço que se paga pela falta de conhecimento que leva à alienação.
“O pedido é que por conta da indústria de cerveja investir, maciçamente em publicidade o que implica no aumento de consumo e no aumento desses danos”, afirmou Lacerda.
Para ir à missa ninguém me convida
As pessoas precisam procurar espaços inteligentes, onde há diversão cultural sadia e, até mesmo, barata ou gratuita, sem álcool. Nesses espaços elas, certamente encontrarão companhias sóbrias, dispostas a fazerem uma hora, verdadeiramente, feliz. O site Guia Floripa - http://www.guiafloripa.com.br/ - é um exemplo disto. Trata-se de um espaço onde se pode obter informação sobre os mais variados eventos culturais que acontecem na Ilha e ao redor dela. São encontros culturais, palestras, seminários, debates, mostras de dança, exposições, shows e outras atividades. A grande maioria desses eventos tem a entrada franca ou preço baixíssimo, salvo raras exceções. Digo que nesses espaços, as horas são felizes porque as pessoas não correm o risco máximo de se matarem na volta para suas casas. Estarão de cara limpa e culturalmente, mais atualizadas. Lugares assim é uma boa pedida para quem quer encontrar um par legal, uma pessoa inteligente, sadia, que se gosta, se cuida, se valoriza. Nesses espaços é possível conversar sem se intoxicar com cigarro e álcool ou suportar as constantes interrupções dos desagradáveis intrusos bêbados. Os frequentadores estarão conscientes para conversar, educadamente, sobre cultura, ou qualquer outro assunto, sem apelações, respeitando o curso normal e lindo, de uma relação que começará da melhor forma possível, sem drogas.
Eu já frequentei inúmeros lugares em Santa Catarina. Viajei por boa parte do estado atrás de diversão. A bebida, jamais me dominou e hoje menos ainda. Bebo pouquíssimo e socialmente. Por isso afirmo, com a particularidade de ex-boêmia experiente, que ser jovem é efêmero e estar com os amigos é importante para que possamos nos sentir pertencidos. Mas a de se atentar para o grupo, ao qual se pertence. Atentar para as pessoas a nossa volta, os ditos amigos. Não se deve perder tempo com quem não agrega nada de bom à nossas vidas. Não perder tempo com pessoas que subtraem nossa paz com papinhos de encher morcilha e hálito de etanol. Saber escolher os amigos é muito importante. Escolher com quem se está disposto a aprender mais sobre a vida.
Bêbados alienados
Devemos orientar essas pessoas a procurarem ajuda. Mas tentar ajudar, somente a quem está realmente disposto a voltar a viver de forma normal. Caso contrário, essa tarefa pertence à família do doente drogado. Se ele não tem família, é tarefa do Estado. Não nossa.
Não arrisquemos nossas vidas por um copo de cerveja. Amigos leais e constantes são aqueles que nos respeitam e respeitam nossas decisões. Cuidemo-nos!
Jaqueline Saburido, a moça de vinte anos, da imagem a cima, poderia ser eu ou você.
Para morrer, só precisamos estar vivos.
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