Ad immortalitatem

Há uma Fabiana que me habita que ainda não cresceu, é uma menina mimada e manhosa. Há uma Fabiana que me habita que entra na frente, tem voz forte, lidera. Ambas têm algo em comum: Eu.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A POSSÍVEL EFEMERIDADE DO CONHECIMENTO



                                     
No último domingo, durante a tarde, eu estava dormindo e meu pai bateu a porta do meu quarto dizendo que tinha uma surpresa para mim. Abri a porta e constatei que se tratava realmente, de uma surpresa: meus primos Nichollas Mello e Thiago de Melo Tavares,  vieram me visitar.


Thiago é filho de Gorete, minha prima irmã. O vemos pouco. É um doce de pessoa!  Dedicadíssimo começou a treinar ainda criança. Entendeu desde cedo que sucesso significa disciplina. Todo o esforço, garra e determinação precoce deram a ele três títulos no UFC - Ultimate Fighting Championship - http://www.ufc.com/ThiagoTavares . 


Nichollas Mello é filho de Antônio, meu jovem, mas já saudoso primo irmão. Uma figura incrível. Eu o vi nascer. 

Minha mãe, que também dormia, ouviu o nome do Thiago e veio sentar-se conosco. Falamos sobre distância, lembranças, saudade e esquecimento. Meu pai comentou sobre como os familiares, hoje em dia, se distanciam, esquecem uns dos outros. Ele disse isso porque gosta do Thiago, mas são raras às vezes em que recebemos sua visita.  Thiago completava dizendo que, mesmo estando longe de todos nós, por conta das viagens ao exterior e a outros estados para treinar, nutre muito carinho e saudades de cada um.

Enquanto conversávamos sobre esquecimento e lembranças eu pensava o que aconteceria com todo o conhecimento digital que temos hoje, um século depois de uma grande catástrofe? Pensar nisso me causou  angústia!

Os meios que usamos para armazenar informações estão cada vez mais transitórios. E nunca geramos tanta informação como agora. 


Formatos digitais efêmeros armazenam nossos dados. Discos Rígidos se transformaram em  memórias funcionais de nossa sociedade. Data Centers, - dependentes de energia elétrica - com numerosos servidores abrigam trilhões de informações. Há uma observação a se fazer sobre esses mecanismos. Havemos de atentar para um perigo eminente: armazenar, em longo prazo, informações importantíssimas, nunca foi o destino dos Discos Rígidos. Não são submetidos a testes como os usados para estimar a vida útil de formatos como o CD. Ninguém, exatamente, ninguém sabe quanto tempo eles vão durar.

Hoje conseguimos armazenar mais de 200 Gigabits por polegada (2,54 centímetros) quadrada. Ou seja, a capacidade de armazenamento dos Discos Rígidos atuais é de 200 x 1.000.000.000 de caracteres- letras- por polegada quadrada. Essa capacidade sobe muito rápido. Mas ter mais espaço de armazenamento não é garantia de segurança. Quanto mais dados você armazena em determinado material, mais você perde quando partes dele são danificadas.

Mídias Eletrônicas

A longevidade real estimada de Mídias Eletrônicas em anos pode variar conforme as condições de armazenamento das mesmas. Os CD-R (cianina) e CD-RW, DVD-RW e DVD+RW não suportam 10 anos. Têm seus dias contados em sete anos. A Memória Flash pode durar até 10 anos. A Fita Digital chega aos 13 anos. Diferente da analógica que tem longevidade de 20 anos. O CD de áudio e o filme em DVD batem os 26 anos de vida. Já os DVD-R, DVD+R e o CD-R (ftalocianina, camada de prata) podem durar até 27 anos. O campeão de longevidade é mesmo o CD-R (Ftalocianina + camada de ouro). Esse bate os 100 anos de vida por conta da sua camada reflexiva de ouro e uma camada de tintura ftalocianina.

As pessoas estão muito mais preocupadas com o aumento da velocidade e da capacidade, e não na estabilidade da informação. Mais importante que a estabilidade são as condições de armazenamento dessas mídias. Locais secos e frescos permitem uma durabilidade melhor. O problema é que nem todos os Data Centers que existem possuem essas condições especiais e é raro encontrar um que as mantenha, se faltar energia.

Saber o que preservar. Saber como preservar.

Em Moffet Field, Califórnia, os entusiastas Dennis Wingo e Cowing Keith comandam um projeto baseado no Ames Research Center da NASA. Eles descobriram que a sobrevivência física dos dados é apenas o início da longa caminhada para recuperá-los. O projeto de Wingo e Keith obteve imagens de alta resolução de antigas fitas magnéticas enviadas a Terra pelas cinco missões Lunar Orbiter em 1960. Esse material está em bom estado, mesmo depois de anos, porque foi armazenado em caixas metálicas magneticamente, impermeáveis e embalado com plásticos. Apesar disso, o grande desafio foi obter os dados brutos das fitas. Para isso os entusiastas tiveram que recuperar antigos drives de fita guardados por um ex-funcionário da NASA. O problema é que havia um lagarto morando dentro de um dos drives. Wingo e Keith buscaram durante três meses um documento com equações de demodulação, indispensável para a conversão dos dados brutos das fitas para uma forma utilizável.

Agora pense: 




Para recuperar dados de algumas fitas magnéticas preservadas em bom estado, foi preciso um grupo de entusiastas, recursos financeiros altíssimos e muitos meses. Imaginem quanto tempo, recurso financeiro e trabalho técnico-científico seria necessário para os sobreviventes de uma pós-catástrofe recuperarem dados sobre todo o conhecimento que possuímos hoje? Sem comentar que, na pós-catástrofe, a falta de pessoas, competências, equipamentos seria uma barreira muito maior do que a perda física de dados.

O que conforta é saber que a maior parte dos dados que estão armazenados em Discos Rígidos, que lotam servidores, não importam. Poderíamos viver sem eles.  Bem como muito do que herdamos de civilizações do passado. A Tábua de Vênus de Ammisaduqa, por exemplo, que contém apenas bobagens astrológicas, acrescenta o que em nossas vidas?

O que mais importa a qualquer civilização não é necessariamente, o que sobrevive por mais tempo.  Em uma pós-catástrofe do que adiantaria conhecer a sequência do genoma humano sem a tecnologia e as habilidades necessárias para explorá-lo? Sistemas operacionais são exaustivamente, copiados porque são úteis, mas na maioria das vezes o critério é a popularidade. Acredita?

Elvis Presley pode chegar ao topo das paradas de sucesso no século 22. Isso graças às inúmeras versões digitais de músicas populares que podem sobreviver por muitas décadas.  Isso equivale a dizer que quanto mais cópias existir de um conjunto de dados, maiores as suas chances de sobrevivência, descoberta e recuperação.

O conhecimento especializado, indispensável para quem estiver tentando reconstruir a civilização, como técnicas para manipular o ferro ou como produzir antibióticos, correm o sério risco de desaparecerem. Isso pode acontecer porque informações como essas existem em menor número de cópias, se comparado a outros dados muito mais populares e exaustivamente, copiados.

“Mesmo o pior tipo de papel pode durar mais de 100 anos.”  

(Season Tse)

Season Tse trabalha no Canadian Conservation Institute. Trata-se de uma agência de uso especial, criada em 1972, situada anexa ao Departamento do Patrimônio Canadense em Ottawa, Canadá. O objetivo da agência é usar a ciência para conservar o patrimônio canadense para que ele possa ser acessado por gerações futuras. Tse desenvolve projetos que visam aprimorar a conservação do papel.

Os livros duram centenas de anos, frágeis, desbotados, mas legíveis. O lado triste em saber disso é que, para os livros, vale a mesma regrinha das versões digitais de músicas: os mais populares têm mais chances de sobreviver a uma catástrofe. 




Então pense como seria decepcionante para um sobrevivente, procurando por informações relevantes em meio às ruínas de sua extinta civilização, encontrar um exemplar do álbum de figurinhas da copa do mundo de 2010? (A propósito: Copa do Mundo? Pultz! Ninguém lota estádios enormes para pedir o fim da violência contra crianças. E no Brasil a cada quatro segundos morre uma criança, vítima de violência. Espero que possamos, um dia, nos interessar em conservar informações mais úteis e que unamo-nos por uma causa menos imbecil).




Imaginei um senhor educadíssimo, intelectual, feliz por estar vivo. Um sobrevivente da catástrofe. Mas sofrendo para encontrar algo que possa salvar o que resta da sua civilização; missão que poderá mudar todo o percurso de extinção da sua espécie. E então, esse senhor se arrisca por entre os escombros e encontra um pedaço de papel. Um único pedaço de papel que  prova a existência da sua civilização. É o legado dela. Não haveria outro. Ele abre o papel. Trata-se de um jornal e advinha? O grande legado da nossa época seria a primeira página de um jornal estampando o show pornô, bizarro entre um asno (animal) e um anão (ser humano), organizado pelo jogador Adriano do Flamengo, em sua casa. Aconteceu. Acredite.

Adriano - O relo.

A verdade é que a maioria dos nossos conhecimentos científicos e tecnológicos pode ser redescoberta, reinventada. Amém! Já as pessoas, ainda não. Por isso sinto saudades do meu primo Thiago.








Entrevista de Thiago Tavres, meu primo vencedor, pra Tatame.

http://www.tatame.com.br/2010/09/26/Thiago-Tavares

Entrevista para o blog Mano a Mano do TERRA

http://gustavonoblat.blog.terra.com.br/2010/09/25/ufc-119-thiago-tavares-com-fome-de-vitoria-contra-pat-audinwood/

Sobre Thiago no site americano

http://mmaggregate.wordpress.com/2010/09/25/tavares-wins-quickly-lowe-wins-decision/

Entrevista para o UFC.com

http://www.ufc.com/news/Tavares-Newcomer-Nightmare

Entrevista para o Portal do vale tudo.

http://www.portaldovt.com.br/pt/?channel=2&id=2158


segunda-feira, 19 de abril de 2010

EUNICE DURHAN

“As faculdades de Pedagogia formam professores incapazes de fazer o básico, entrar na sala de aula e ensinar a matéria.” (Eunice Durhan).

Já faz tempo que saiu essa reportagem titulada “Fábrica de maus professores”, na revista VEJA. A Antropóloga Eunice Durhan fala tristemente, que “os cursos de Pedagogia perpetuam o péssimo ensino nas escolas”.

Quando indagada sobre “como sua pesquisa mostra que as faculdades de Pedagogia são a raiz do problema do mau ensino,” Eunice responde: “Minha pesquisa aponta as causas... a mentalidade da universidade que supervaloriza a teoria e menospreza a prática. Segundo essa corrente acadêmica em vigor, o trabalho concreto em sala de aula é inferior a reflexões supostamente mais nobres.”

O que Eunice desejou dizer é que as faculdades traçam o foco nos teóricos, na história quando deveriam seguir a prática. Discordo totalmente: Como passar por qualquer faculdade sem aprender sobre seus teóricos? Sem aprender sua história? As faculdades primeiramente trabalham o autoconhecimento do acadêmico. Para que ele possa se encontrar, se responsabilizar por seu lugar na história. Principalmente, Pedagogia. O que pode ser mais nobre, na vida acadêmica, do que as grandes mentes da história da humanidade?

Na faculdade aprendi a universalidade de todas as coisas. Conceitos que vão além do que eu julgava saber. Abriu-se o mundo a minha frente. Viajei por muitos lugares, conheci as mentes mais brilhantes da história da humanidade, conheci a história da humanidade e como se deu seu processo educacional em todo o Mundo. Aprendi Psicologia, Filosofia, Sociologia, História da Educação, Metodologia Científica, Educação Física, Fundamentos Biológicos, Formação Social Política e Econômica do Brasil, ou seja, tudo que possui relação com o processo de ensino e aprendizagem e muito mais. Entendi que, a princípio, eu estava em processo de autoconhecimento, de formação. A Universidade estava me acordando para a vida, para existência. A Universidade estava ensinando-me a ter consciência da minha posição na história e a responsabilidade que inclui isso. E esse processo é indispensável a quem se predispõe a ser Pedagoga.

Penso que Eunice Durhan não baseou sua pesquisa na realidade do Brasil, em uma necessidade que o acompanha historicamente, a muito: O problema da educação.

As faculdades formam Pedagogos (a) competentes. O que desanima esses profissionais é o longo caminho que precisam cruzar até chegar à um minúsculo índice de melhoramento da educação, real motivo que os leva a desejarem ser professores em um país problemático como o nosso. O que os desmotiva quando chegam a sala de aula, é perceberem que o problema não está na educação. Mas no processo histórico cultural que a desencadeou. O problema está na história da educação brasileira. O fracasso escolar é resultado das desigualdades sociais que determinaram quem teria ou não acesso a educação.

Dizer que as faculdades de Pedagogia não conseguem formar professores capazes é generalizar. E quando se trata de um assunto tão complexo como é a educação brasileira, a única atitude que não se pode tomar é determinar um só motivo como problema para o insucesso. Todos têm culpa. Os poderes públicos anteriores e atuais, os movimentos sociais, a escola, a sociedade em geral. Todos!

No Brasil é um sofrimento terrível chegar à faculdade. Forma-se é mais um sonho quase impossível. O que hoje no Brasil, que ainda sonha com a Casa Própria, chamamos de realização, em países como Portugal é básico e cedido pelo governo. 

Então por que o sujeito torna-se professor no Brasil? 

Por amor. No Brasil, ninguém que se predispor a ser professor o fará por dinheiro ou status. É profissão de fé. Fé no amanhã. É querer que o futuro seja diferente. É indiguinar-se diante das injustiças.
Sempre foi dentro das faculdades, escolas, centros educacionais que começaram e começam todas as grandes mudanças deste ou de qualquer país.

Em um país onde o Congresso Nacional faliu moralmente há muitos anos, que foi governado por uma República Oligárquica – governo de poucas pessoas-, durante 40 anos (1889 – 1930) a educação não poderia ter outro futuro. Não é justo atribuir a classe de professores uma crítica tão vazia. Nós professores somos, ainda, uma das poucas classes que realmente, se importam.

O processo de ensino e aprendizagem não depende só do professor. 

O aluno tem que está bem para receber as informações, descodificá-las, problematizá-las e julgá-las. O aluno precisa sair bem da sua casa. Bem alimentado, vestido, alegre em ser criança, adolescente, adulto. O problema não está no que nós, professores somos capazes ou não de fazer após a graduação. O problema está na fome, na violência, no tráfico de drogas, na alienação, na omissão do poder público, no ciclo de erros. 

Nós professores, com todos os defeitos que possamos ter, ainda assim somos a solução. Jamais seremos o problema. Podemos ter nossas dificuldades próprias dos primeiros meses após a graduação. O que é normal em qualquer profissão. Mas somos capazes. Capazes por amor. O resto é generalização. 

quinta-feira, 15 de abril de 2010

EDUCAR: RESPONSABILIDADE DE TODOS


“Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões, punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber que vai além do saber da pura experiência feita, que leve em conta suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe transformar-se em sujeito de sua própria história.

A participação popular na criação da cultura e da educação rompe com a tradição de que só a elite é competente e sabe quais são as necessidades e interesses de toda a sociedade. A escola deve ser também um centro irradiador da cultura popular, à disposição da comunidade, não para consumi-la, mas para recriá-la. A escola é também um espaço de organização política das classes populares.

A escola como um espaço de ensino-aprendizagem será então um centro de debates, idéias, soluções, reflexões, aonde a organização popular vai sistematizando sua própria experiência. O filho do trabalhador deve encontrar nesta escola os meios de autoemancipação intelectual, independentemente dos valores da classe dominante. A escola não é só um espaço físico. É um clima de trabalho, uma postura, um modo de ser. “
(Paulo Freire - Pedagogia do Oprimido, 1991, p.16)


Diante do Mundo Globalizado a escola brasileira atual é desafiada e precisa tornar mais interessante a tarefa de ensinar e aprender. Não há como fugir disso. O progresso é inevitável. As aulas não são mais aquelas aulas tradicionais que tinham a lousa e giz como únicas ferramentas de trabalho e a sala de aula como único espaço educacional. Este espaço foi ampliado para além dos muros da escola, percorreu as ruas e a sociedade transformou-se em um grande sítio educacional. A escola atual gerou outros mediadores educacionais além dos profissionais da educação. A família, os profissionais de outras áreas e os chamados atores sociais enfim, assumem paralelamente com o professor a responsabilidade de educar.


“Educação não ocorre apenas na escola; ela é um processo permanente que se efetua na família, na comunidade, no trabalho, na comunicação social, enfim, na interação do homem com o meio.”

(Cf. CINE 1997, UNESCO)


O sistema educacional brasileiro entendeu que seu principal objetivo é preparar os alunos para a vida, para a sociedade e, portanto, surge a expectativa de educar pela socialização, onde a responsabilidade para tal se estende a toda à comunidade, a toda sociedade. Essa ideia de transformar os espaços sociais em ferramentas geradoras de educação deve está inserida, desde cedo, no processo de ensino e aprendizagem.

Tomando como exemplo a inserção do Brasil na Aldeia Global através do Plano de Inclusão Digital, os alunos são reconhecidos como Cidadãos do Mundo. Portanto, a educação deve abranger o mesmo caráter. A atual proposta do MEC- Ministério da Educação - é uma Educação Integral, interdisciplinar onde o processo de ensino e aprendizagem se dá em todos os lugares em tempo integral.




 “Ninguém educa ninguém. Ninguém se educa sozinho. Todos nós nos educamos em comunhão o tempo todo.”
(Paulo Freire)

A Legislação Educacional Brasileira protegida pela Constituição Federal nos artigos 205, 206 e 227, Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 9089/1990); Lei de Diretrizes e Bases (Lei n.º 9394/1996), nos artigos 34 e 87; Plano Nacional de Educação (Lei n.º 10.179/2001) e o Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Lei n.º 11.494/2007) são veículos idealizadores e protetores dos direitos humanos.

Esses reguladores compreendem o direito de aprender como inseparável ao direito à vida, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade e a convivência familiar e comunitária. Defendem tal vivência ideal, protegendo-a como condição indispensável para o desenvolvimento de uma sociedade republicana e democrática.

Sendo assim, o Ministério da Educação, através do Programa Mais Educação reconhece a Educação Integral como ideal por propor múltiplos valores ao ser humano e a peculiaridade do desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens. O Programa Mais Educação possui ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), como estratégias do Governo Federal para ampliar a jornada escolar e a organização curricular, através da Educação Integral.




Objetivo

A UNESCO – Agência Especializada da ONU – Organização das Nações Unidas – que trabalha para criar condições para tornar possível o diálogo entre civilizações, culturas e povos, baseado no respeito pelos valores partilhados, é o órgão responsável por criar os Pilares Educacionais que sustentam a Educação para o século XXI:

“Aprender a conhecer, fazer, conviver e a ser.”

É respeitando esses princípios educacionais que a Educação Integral sugere a integração da escola com a sociedade como ferramenta para a socialização, conscientização, diminuição de desigualdades e principalmente, valorização da diversidade cultural brasileira.

Educação Integral é o convívio social da criança, do jovem, do adolescente, dos seus familiares e outros integrantes da comunidade e a escola com o meio no qual estão inseridos percebendo-o como fonte irradiadora de cultura onde todos se conhecem, aprendem o fazer juntos e o conviver juntos com o objetivo de valorizarem o ser. É a união de todos os conhecimentos que cada indivíduo possa partilhar com o outro que promoverá a valorização da diversidade cultural brasileira e consequentemente, a diminuição das desigualdades educacionais.


Para que esses objetivos se concretizem a estratégia é ampliar os tempos, espaços, oportunidades educativas e compartilhar a tarefa de educar entre os profissionais da educação e de outras áreas, entre as famílias e diferentes atores sociais.


A ação é coordenada pela escola e pelos professores e tem o objetivo de exercer a aprendizagem conectada à vida, ao universo de possibilidades que esta relação entre escola e sociedade pode gerar no desenvolvimento humano das crianças, adolescentes, jovens e sociedade.



Prioridade

Dentro desta perspectiva a prioridade é atender as escolas situadas em comunidades, capitais, regiões metropolitanas consideras de baixa renda, onde o índice do IDEB (Índice de desenvolvimento da Educação Básica) é considerado baixo.


O Funcionamento

O Programa Mais Educação é operado por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para as escolas e regiões prioritárias. As atividades foram organizadas em Macrocampos de:

·        Acompanhamento Pedagógico: Matemática, Letramento, Ciências, História, Geografia, Filosofia e Sociologia.

·        Meio Ambiente: Comissões de Qualidade de Vida e Meio Ambiente (Com Vidas) / Agenda 21 Escolar, Horta escolar e/ou comunitária.

·        Esporte e Lazer: Recreação, Voleibol, Basquete, Futebol, Futsal, Handebol, Tênis de Mesa, Judô, Caratê, Taekwondo, Ioga, Natação, Xadrez Tradicional, Xadrez Virtual.  

·        Direitos Humanos em Educação: Organizar oficinas onde será permitida a compreensão, vivência, reflexão e aprendizado relacionados aos Direitos Humanos. Propor situações simuladas de defesa e afirmação & negação dos Direitos Humanos e suas implicações na organização do trabalho pedagógico. Os grupos de estudos, teatros, oficinas de psicodrama, passeios temáticos, campanhas alusivas ao tema dos Direitos Humanos também devem ser estimulados. Este macrocampo é de extrema importância.

·          Cultura/Artes: Leitura, banda fanfarra, canto, coral, hip hop, danças, teatro, pintura, grafite, desenho, escultura, percussão e Capoeira.


·        Inclusão Digital: Software educacional, Informática e Tecnologia da Informação.

·        Prevenção e Promoção da Saúde: Este macrocampo propõe atividades sobre como ter uma alimentação saudável, saúde bucal, praticas corporais e educação do movimento; educação para saúde sexual, saúde reprodutiva e prevenção das DST/AIDS; prevenção ao uso do álcool, tabaco e outras drogas; saúde ambiental; promoção da cultura de paz e prevenção em saúde a partir do estudo dos principais problemas de saúde da região (dengue, febre amarela, malária, hanseníase, doença falciforme e outras,

·        Educomunicação: Jornal escolar, rádio escolar, histórias em quadrinhos, mídias alternativas.

·        Educação Científica: Laboratórios e projetos científicos.

·        Educação Econômica e Cidadania: Educação econômica e empreendedorismo, controle social e cidadania.

Para saber mais sobre:

Macrocampos, suas respectivas atividades e ementas;

Como obter o apoio financeiro do Governo Federal através do PDDE- Programa Dinheiro Direto na Escola acesse:




O perfil do aluno a ser atendido pelo programa

Cada instituição de ensino, em acordo com seu projeto político pedagógico abre diálogo com a comunidade na qual esta inserida, definindo quais alunos participarão das atividades.  Mas ainda assim o Ministério da Educação cuidou em traçar um determinado perfil do aluno a ser atendido pelo projeto:


1 - Estudantes em defasagem série-idade;

2 - Estudantes das séries finais da 1ª fase do ensino fundamental (4º e 5º anos). Essas séries são reconhecidas com as de maior evasão na transição para a 2ª fase.

3 - Estudantes das séries finais da 2ª fase do ensino fundamental (8º e/ou 9º anos). Séries compreendidas de altos índices de abandono.

4- Estudantes de séries onde são detectados índices de evasão e/ou repetência.

Voluntários pela Educação

Quando a instituição não atende aos requisitos de prioridade impostos pelo projeto, mas ainda assim deseja acioná-lo o apoio voluntario é a melhor opção.


Os profissionais e agentes corresponsáveis pelo desenvolvimento das atividades de Educação Integral do Programa Mais Educação oriundos de instituições que não atendem ao quesito baixa renda, mas que desejam estabelecer o projeto, mesmo sem o apoio financeiro do governo poderão ser escolhidos em acordo com a Lei n.º 9.608/1998 que dispõe sobre o serviço voluntário. E é através desta normalização que a Educação Integral promoverá o trabalho dos profissionais da educação, dos educadores populares, estudantes e agentes culturais (monitores).

O objetivo é criar relações de solidariedade e confiança para construir Redes de Aprendizagem, superando a relação entre escola & comunidade que hoje em dia, no Brasil é muito frágil, quase inexistente.  Para tanto não haverá um determinado perfil do professor comunitário.

Os Estudantes Universitários com habilidades reconhecidas pela comunidade e com formação específica nos macrocampos abrangentes pelo projeto poderão acompanhar as atividades, bem como outros atores sociais que possam aperfeiçoar a relação escola & comunidade identificando nela, os reais agentes de saberes dispostos a contribuírem para a concretização do projeto. 

Esses atores sociais deverão ter algumas características de boa índole:

·        Ser solidário.
·        Possuir forte vínculo com a comunidade na qual está inserido.
·        Ser um buscador do consenso.
·        Acreditar no trabalho coletivo.
·        Ser um apoiador de novas idéias
·        Transformador de dificuldades em oportunidades.
·        Aquele que se emociona e compartilha as histórias e problemas das famílias, da comunidade.



O espaço

“É preciso toda uma aldeia para educar uma criança.”
(Provérbio Africano)

Na prática são criados coletivos escolares fora do âmbito e tempo escolar. Isso significa que o espaço físico da escola não é determinante para ofertar a Educação Integral. A verdadeira intenção é somar espaços educacionais. Para isso é indispensável que os envolvidos no projeto, ou seja, toda a comunidade saiba mapear áreas dentro do seu espaço comunitário, onde possam ser criados coletivos escolares. Para isso é importante sanar as seguintes duvidas


1-Qual é o espaço (Escola, comunidade, outros espaços)?
2-Em que horário o espaço estará disponível para a escola?
3-Que atividade acontecerá nele?

Exemplos de espaços comuns geralmente, encontrados na organização das comunidades:

·        Igrejas;
·        Associações;
·        Campos;
·        Salões de festa;

Esses espaços por natureza são ociosos. Isso os torna ideais para serem usados no projeto. As instituições que os abrigam devem possuir responsabilidade social como a instituição escolar. Caso contrário não são interessantes para promover a educação. Portanto, a comunicação com os responsáveis deve resultar em excelentes parcerias onde o objetivo é promover a educação, que é um Bem comum para todos.


Nesses espaços deve haver a articulação entre Novos Saberes, Políticas Públicas e o Currículo Escolar. As atividades optativas praticadas aumentam a oferta educativa nas escolas públicas e serão agrupadas em acordo com os macrocampos que foram escolhidos.



Pensar Continuum

Atividades de Educação Integral &Atividades já existentes antes do projeto


Essas atividades devem ter relação com as atividades que já são desenvolvidas na escola, que é só uma. Elas terão como base o próprio Projeto Político Pedagógico da escola que é o documento que traduz a Filosofia, a Organização Pedagógica e Curricular da mesma. A intenção é promover um continuum no tempo escolar que será ampliado. Por isso a necessidade de inserir, de somar a Educação Integral no Projeto Político Pedagógico da escola mapeando o que a escola já faz e buscando novas alternativas.

Como?

1-Criando um levantamento de sugestões a partir de questões sobre:

·        Qual é a compreensão de Educação Integral que os educadores da instituição possuem?
·        Quais atividades a instituição já oferece para os alunos em turno inverso ao turno de aula?
·         Como essas atividades são desenvolvidas e quais alunos fazem parte dessas atividades?
·        Quem desenvolve essas atividades e quais recursos são utilizados (humanos e materiais)?
·        Com quem mais a escola poderia contar para promover o projeto?
·        Quais parcerias a instituição conta para o desenvolvimento dessas atividades?
·        Como a instituição organiza o ambiente escolar para o desenvolvimento dessas atividades?
·        Como é a convivência na escola? Como qualificar a convivência na escola? Como será essa convivência com o desenvolvimento de um número maior de atividades?
·        Se a instituição ainda não conta com atividades de Educação Integral quais atividades poderiam ser mais adequadas à ela?



2- Respondendo as questões citadas pode-se então, pensar na pratica das atividades escolhidas, nas novas alternativas e na relação que elas irão exercer com a comunidade, como um todo.

Exemplos:

a)     As Datas comemorativas são ideais para serem trabalhadas em atividades em grupos como teatro. Datas tais como:

·        Dia da independência,
·        Dia do índio,
·        Confraternização Universal,
·        Mundial da Paz,
·        Dia do Museu de Arte Moderna,
·        Dia da Constituição,
·        Dia da Não-Violência,


b)    Práticas esportivas já desenvolvidas ou não por grupos comunitários podem ser relacionadas ao projeto de Educação Integral através de seus agentes idealizadores que podem ser convidados a fazerem parte do processo educacional;

c)     Grupos que já participaram de apresentações culturais diversas, palestras e outros são excelentes contribuidores para o sucesso da ação;

d)    Indivíduos com experiências em palestras educativas e projetos empreendidos por instituições ligadas à comunidade;

e)     Organizações não governamentais podem formar parcerias com a instituição educacional a fim de promover a educação;

f)      O apelo visual é um dos primeiros critérios que a criança usa para aprovar alguma coisa. As projeções de filmes, documentários educacionais, canais ligados à educação possuem esse apelo visual atualmente, indispensável para o processo de ensino e aprendizagem;

g)     Exposições artísticas, culturais, excursões e outros.

3- O terceiro passo é a reflexão e o estudo com os educadores sobre o significado de Educação Integral através das experiências de outras instituições e dos materiais distribuídos pelo MEC.

4-É indispensável que o grupo também reflita, estude e reelabore o Projeto Político Pedagógico da escola no sentido de reescrevê-lo somando à ele o novo projeto educacional.

5-É chegado o momento de planejamento que dará início a prática das atividades de Educação Integral inspirada nos macrocampos.


Fazer acontecer

Para fazer acontecer o projeto o primeiro passo é a escolha do Professor Comunitário. Esse agente terá a atribuição de coordenar as atividades. Para tal o Professor deverá criar um Quadro de Trabalho que deverá ser preenchido por ele e terá que conter:

·        Nome dos Macrocampos e atividades? Onde funcionarão (endereço e nome do local)? Quando funcionarão (dia e hora)?
·        Haverá lanche? Haverá almoço? Quem prepara alimentação?
·        Quando funcionarão (dia e hora)?


O segundo passo é criar outro Quadro de trabalho que deverá conter as seguintes informações:

·        Os nomes dos alunos que participarão das atividades,
·        Os critérios adotados para selecioná-los,
·        Quais as atividades de que participarão?
·        Em qual turno?
·        Quem serão os responsáveis?
·        Quem ficará com as crianças?
·        Que hora será servida a alimentação?
·        O que será necessário para essa atividade?
·        Onde buscar recursos materiais e recursos humanos?
·        Que custos terão?


O diálogo com o meio

Sem o apoio do Governo Federal a família, a comunidade e os outros grupos que constituem o meio devem apresentar-se como promotores e executadores do projeto. Trata-se de um novo espaço educacional que requer alianças. Partindo do princípio que muitos estudantes que apresentam bons resultados na vida escolar têm a família - comunidade formada por pessoas que são ou se consideram aparentadas, unidas por laços naturais, por afinidades ou por vontade expressa - ativamente, integrada ao processo educacional, a escola deve promover o diálogo com a mesma.

Cidades Educadoras

Exceder a escola que é conhecida atualmente, como único espaço de aprendizagem e ir além de seus muros com a ideia – bandeira - de que a educação não pode impor limites de classes, não pode possuir espaços e tempo específicos e deve se dá em todo lugar e a todo tempo, significa construir redes sociais. Significa criar cidades educadoras. Significa respeitar os direitos do ser humano assegurados na Constituição Federal. É mais que isso. É ter consciência de que o processo para adquirir o conhecimento não entende fórmulas prontas.  Trata-se da observação, experimentação, interação e vivência.  






Instinto de Loba.

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