Ad immortalitatem

Há uma Fabiana que me habita que ainda não cresceu, é uma menina mimada e manhosa. Há uma Fabiana que me habita que entra na frente, tem voz forte, lidera. Ambas têm algo em comum: Eu.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

EUNICE DURHAN

“As faculdades de Pedagogia formam professores incapazes de fazer o básico, entrar na sala de aula e ensinar a matéria.” (Eunice Durhan).

Já faz tempo que saiu essa reportagem titulada “Fábrica de maus professores”, na revista VEJA. A Antropóloga Eunice Durhan fala tristemente, que “os cursos de Pedagogia perpetuam o péssimo ensino nas escolas”.

Quando indagada sobre “como sua pesquisa mostra que as faculdades de Pedagogia são a raiz do problema do mau ensino,” Eunice responde: “Minha pesquisa aponta as causas... a mentalidade da universidade que supervaloriza a teoria e menospreza a prática. Segundo essa corrente acadêmica em vigor, o trabalho concreto em sala de aula é inferior a reflexões supostamente mais nobres.”

O que Eunice desejou dizer é que as faculdades traçam o foco nos teóricos, na história quando deveriam seguir a prática. Discordo totalmente: Como passar por qualquer faculdade sem aprender sobre seus teóricos? Sem aprender sua história? As faculdades primeiramente trabalham o autoconhecimento do acadêmico. Para que ele possa se encontrar, se responsabilizar por seu lugar na história. Principalmente, Pedagogia. O que pode ser mais nobre, na vida acadêmica, do que as grandes mentes da história da humanidade?

Na faculdade aprendi a universalidade de todas as coisas. Conceitos que vão além do que eu julgava saber. Abriu-se o mundo a minha frente. Viajei por muitos lugares, conheci as mentes mais brilhantes da história da humanidade, conheci a história da humanidade e como se deu seu processo educacional em todo o Mundo. Aprendi Psicologia, Filosofia, Sociologia, História da Educação, Metodologia Científica, Educação Física, Fundamentos Biológicos, Formação Social Política e Econômica do Brasil, ou seja, tudo que possui relação com o processo de ensino e aprendizagem e muito mais. Entendi que, a princípio, eu estava em processo de autoconhecimento, de formação. A Universidade estava me acordando para a vida, para existência. A Universidade estava ensinando-me a ter consciência da minha posição na história e a responsabilidade que inclui isso. E esse processo é indispensável a quem se predispõe a ser Pedagoga.

Penso que Eunice Durhan não baseou sua pesquisa na realidade do Brasil, em uma necessidade que o acompanha historicamente, a muito: O problema da educação.

As faculdades formam Pedagogos (a) competentes. O que desanima esses profissionais é o longo caminho que precisam cruzar até chegar à um minúsculo índice de melhoramento da educação, real motivo que os leva a desejarem ser professores em um país problemático como o nosso. O que os desmotiva quando chegam a sala de aula, é perceberem que o problema não está na educação. Mas no processo histórico cultural que a desencadeou. O problema está na história da educação brasileira. O fracasso escolar é resultado das desigualdades sociais que determinaram quem teria ou não acesso a educação.

Dizer que as faculdades de Pedagogia não conseguem formar professores capazes é generalizar. E quando se trata de um assunto tão complexo como é a educação brasileira, a única atitude que não se pode tomar é determinar um só motivo como problema para o insucesso. Todos têm culpa. Os poderes públicos anteriores e atuais, os movimentos sociais, a escola, a sociedade em geral. Todos!

No Brasil é um sofrimento terrível chegar à faculdade. Forma-se é mais um sonho quase impossível. O que hoje no Brasil, que ainda sonha com a Casa Própria, chamamos de realização, em países como Portugal é básico e cedido pelo governo. 

Então por que o sujeito torna-se professor no Brasil? 

Por amor. No Brasil, ninguém que se predispor a ser professor o fará por dinheiro ou status. É profissão de fé. Fé no amanhã. É querer que o futuro seja diferente. É indiguinar-se diante das injustiças.
Sempre foi dentro das faculdades, escolas, centros educacionais que começaram e começam todas as grandes mudanças deste ou de qualquer país.

Em um país onde o Congresso Nacional faliu moralmente há muitos anos, que foi governado por uma República Oligárquica – governo de poucas pessoas-, durante 40 anos (1889 – 1930) a educação não poderia ter outro futuro. Não é justo atribuir a classe de professores uma crítica tão vazia. Nós professores somos, ainda, uma das poucas classes que realmente, se importam.

O processo de ensino e aprendizagem não depende só do professor. 

O aluno tem que está bem para receber as informações, descodificá-las, problematizá-las e julgá-las. O aluno precisa sair bem da sua casa. Bem alimentado, vestido, alegre em ser criança, adolescente, adulto. O problema não está no que nós, professores somos capazes ou não de fazer após a graduação. O problema está na fome, na violência, no tráfico de drogas, na alienação, na omissão do poder público, no ciclo de erros. 

Nós professores, com todos os defeitos que possamos ter, ainda assim somos a solução. Jamais seremos o problema. Podemos ter nossas dificuldades próprias dos primeiros meses após a graduação. O que é normal em qualquer profissão. Mas somos capazes. Capazes por amor. O resto é generalização. 

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Instinto de Loba.

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